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Sunday, July 26, 2009

A Síndrome do Hype (ou, Como eu descobri Jesus e aprendi a amá-lo)


Baixei dia desses uma caixa sobre o poder do pensamento negativo. ( The Power of Negative Thinking, Jesus And Mary Chain, Rhyno, 2008 ), e comecei a pensar besteira. Lembrei de quando, lá nos anos 80, buscava qualquer coisa escrita sobre rock que pudesse me cair nas mãos. Havia algumas publicações periódicas, como a Roll, a Som Três, outras nem tanto, como a Rock Show, Rock Stars, etc. que me aliviavam a fome de informações, na época tão escassas. Em 85 surge a revista Bizz. Segundo o site da Editora Abril: “Seu projeto editorial inicial foi baseado em pesquisas levantadas junto ao público presente no primeiro Rock in Rio, ocorrido em janeiro daquele ano”. Aí melhorou. Era uma fonte a mais, com uma periodicidade confiável, e que, copiando ou não revistas gringas, traziam uma gama maior de informações, incluindo aí as novíssimas novidades novas do império e da ilha, principalmente. Curioso, sempre fui. A fome se juntou à vontade de comer e o fast food estava logo ali na banca da esquina. Caí matando que nem um morta-fome, baby. Mas daí, começaram alguns “problemas”.
Eu tinha 16 pra 17 anos e a Bizz, a partir do sétimo número, lembro bem, começou a se tornar a única, para mim ao menos, fonte daquelas novidades. Podia nem ser tão boa, mas ruim não era, podia nem fazer bem, mas mal não fazia, e pelo menos, saciava e atiçava minha curiosidade, ao mesmo tempo. Pois se eu lia sobre, por exemplo, REM, no complemento da refeição principal, e que era o melhor, vinham citações de fantásticas velharias, como The Byrds, Patti Smith, Folk Rock, e coisas recentes como College rádios, bandas “independentes”, “cena alternativa”, por aí... O problema era o seguinte: Existia um “conservadorismo” latente no público roqueiro de então. REM?, Smiths??, Echo and The Bunnymen???, Jesus and Mary WHO THE FUCK???? Que PORRA é essa, Cebola??!! Isso é rock gay!!!??? JURO!!! Rolava isso sim, e tenho testemunhas. Os seguidores do “manual do verdadeiro rock” consideravam essas novidades, a Bizz, a NME, os indies, os college, e tudo o mais um bando de farinhas do mesmo saco de porcarias infiéis que deveriam ser condenados à fogueira inquisitória dos guardiões da PALAVRA. O tempo, sempre ele, cuidou de transformar alguns hypes em clássicos, alguns clássicos em dinossauros, alguns dinossauros em cult, e lixo em gás metano, para reciclagem ou para cá mesmo, em containers entupidos...
Porque aqui, assim como além mar, impera o lixo. Concordo. Mas de vez em quando surge algo aproveitável. E, menos vezes, mas sempre, surge aquela banda do caralho, que vai fazer você lembrar de que ainda vale a pena deixar a antena ligada. Não deixam algumas pra tentar localizar Ets? Que venham os Ets...
O Jesus daí da foto é só pra lembrar: Caixa de b-sides e raridades é pra banda que virou “clássica”, não? Pois é. O Jesus and Mary Chain, em 86, eram hype. Vi na Bizz.

Ps. (Isso existe ainda?) – Para os deslumbrados de plantão, jornalistas ou não, que vêm brilhantismo em qualquer porcaria reciclada que empurram guela abaixo hoje em dia e que vivem de babar ovo de hypagens sem sal nem açúcar: Vocês são piores do que os “conservadores”. Esses têm o passado como referência, e ela é muito boa. Vocês não têm nada. Absolutamente, nada.

Sergio cebola Martinez