Por Nei Bahia
Pra começo de
conversa: um festival do tamanho do Rock in Rio não pode dar ouvidos a puristas
na formação do set, se não as contas não fecham. Falo logo isso até pra
perguntar uma coisa ; Stevie Wonder também não é Rock, mais ninguém se atreve a
dizer que ele está no lugar errado? Tem coisas estranhas lá , mas é muito
melhor estranhezas e incoerências que acontecem do que perfeições que não
passam de devaneios. Os anos me ensinaram muito bem isso.
Joss Stone não é uma
cantora, é um sonho de consumo; linda, simpática, carismática, tem um sorriso
encantador e canta como isso fosse a coisa mais fácil do mundo. A estranheza,
uma das várias do festival, o fato de estar no palco secundário ( batizado
"Palco Sunset") no fim da contas acabou sendo uma vantagem para quem
admira a ruivinha com voz de negona. O show correspondente ao novo
"LP1" parece ainda estar em gestação, então as musicas foram sendo
colocadas no set de uma forma natural, o que deu ao show um ar de jam de fim de
tarde. A competência da banda ajudou demais e Joss teve clima até pra reclamar
do cabelo (....COMO?) e tomar chá enquanto decidia as músicas a cantar e reger
a platéia, com uma profusão de gatinhas da fina flor da sociedade carioca
balançando na Soul music, isso mostra que nem tudo está perdido. O show acabou
sendo curto pois o palco principal já estava pronto para a primeira atração da
noite, uma celebração necrófila que eu vou fazer de conta que não existiu.
Sendo assim, parti pra
sentir o terreno. A área do festival não se distingue do que se vê e ouve falar
nos festivais, sempre lanchonetes para muitos gostos ( pra mim ainda falta uma
franquia nacional de abará e acarajé) , mais quem não tem cão caça com
churrasco de gato. Pelo menos o chope estava gelado, pois vinha de um
caminhão especial, semelhante ao que foi sensação no RIR 1985 ( sim, estive
aqui antes....), e a tal Rockstreet, uma réplica da Bourbon street de Nova
Orleans, onde em um coreto se apresentava uma banda de Soul-funk que roda a
cena local de clubes e bares da lapa e afins, liderada por um cantor e
guitarrista e uma cantora de nacionalidade americana. Quem queria dançar tava
se lavando, e até "I feel for You" de Chaka Khan apareceu, canção que
poucas cantoras tentam pois o tom é altíssimo. Além disso, um espaço reservado
à musica eletrônica funcionando até depois do fim do shows, era o local
reservado para quem passou do ponto na aplicação e precisará de um local onde
liberar energia até um pouco mais tarde.
Partindo finalmente para o
palco principal, começa o show de Janele Monae, que Cebola já tinha me avisado;
" è quente, pode ir sem medo”. Pois, como sempre a dica era quente e foi o
show mais "show' do dia, com roteiro, figurino que até o técnico de som
usava ( eu assiti o show ao lado da housemix) ela fez algo muito difícil de se
executar; uma apresentação ao mesmo tempo bem ensaiada e calculada, mais sem
perder a emoção. Covers de Prince e Jackson 5, e apesar de não possuir uma
garganta do outro mundo, canta com elegância mesmo quando solta seu lado James
Brown, que alías é predominante. Poderia ser uma oportunidade para as pessoas
entenderem o verdadeiro significado da palavra FUNK. No fim ela desceu do palco
e foi pelo corredor da segurança até a Housemix, chegando bem perto de onde eu
estava. Olho vivo em Janelle, ainda vai ficar melhor do que já mostra.
Mistério, esse é a minha
definição pra o Jamiroquai. Ta tudo lá: hits, banda nota 10, grove, ..........mais tá faltando algo!!! O público
deles é grande e super informado, cobraram várias músicas que tocaram em rádio no
Brasil ( ..falei no Brasil, não na Bahia ...) em suma, foi animado, bem tocado,
a galera dançou, curtiu as imagens do telão, tiradas do clips da banda, o
visual de Jay K é tão sem noção que acaba ficando simpático, mas falta alguma coisa.
2 comments:
Hummm, gostinho de quero mais, hein? beleza, só espero que Cebola não edite um atrás do outro como o anterior e deixe mais espaço para comments.. hehe... brincadeira viu véi?!?
Janele eu tinha assistido in Ricife em janeiro, quando Amy ainda se embriagava entre nós, e achei tudo isso, só que um pouco perdida no lance teatral, talvez seu diferencial que acho que nem precisa... é uma James Brown de saias mesmo e pronto, mas vá lá, é bem esforçada...
Só acho que não é bem o caso de "não ser rock" pra ser criticado, mas tem coisas que são tão destoantes que acho que deveriam ter seu espaço próprio e lá ficar...
Soul/Rock/Dance/R&B/Pop acho que tem a ver entre si, por isso não deveria mesmo causar estranheza um Stevie Wonder, Jamiroquai, Joss, Janele, até Rihana, Ke$ha... e por aí vai terem se apresentado.
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