Total Pageviews

Tuesday, April 08, 2008

Shine A Light, Mr. Scorcese, Shine a Light!



Martin Scorcese tinha a intenção de mostrar a banda para as novas gerações. Definitivamente, ele conseguiu. Não apenas um show filmado. Isso todos já viram. Quem já assistiu Gimme Shelter, fantástico documentário da turnê de 1969 ou qualquer dos shows dos Stones por essas e outras paragens já tinha visto isso. Scorcese foi além. Bem mais. Shine a Light é, como diz seu título, uma luz brilhante na filmografia de seu diretor, e na dos Rolling Stones também.















Como se filmado de dentro do palco, os espectadores se sentem “cercados” pela banda em um show daqueles de se imaginar em um evento único. Dizer que a banda está afiada é chover no lago das obviedades. Dizer que o filme é um novo “olhar” sobre um show de rock é pretensioso e, ao mesmo tempo, café pequeno diante de um detalhe soberbo: O Som! Ou a forma como ele foi tratado. Quando uma das dezesseis (!) câmeras capta mr. Richards descendo a mão direita nas seis cordas, o som da sua guitarra assume repentinemente o primeiro plano, esmiuçando em detalhes séculos de discussões teóricas a cerca do que seja técnica soberba ou feeling de gênios. Ronnie e Keith protagonizam tal duelo de riffs e frases, com suas guitarras assumindo este primeiro plano sonoro todas as vezes em que são filmadas, que acabamos percebendo finalmente como uma intenção, aquela de Scorcese, sai do âmbito da mera retórica populista e adentra um quase didatismo musical, longe de pedante, porém exato e, vamos lá, divertidíssimo.




Os Stones são a maior banda de garagem do mundo. Quando escutamos Satisfaction, no fim, percebe-se por que só eles a tocam de forma a, ainda, empolgar. São sujos, erram as vezes ( né Mr. Keith? ), escolhem os timbres certos, arriscam ainda ( She Was Hot?? que beleza ficou! ). E executam versões descaralhantes de canções semi-obscuras: Far Way Eyes, e até mesmo, Some Girls, para mim, o momento ápice do show, com Mick Jagger assumindo uma terceira guitarra escandalosa de suja e metendo aquela parede honky_tonky peito a dentro de forma que só eles fazem. Sobre este senhor, nada a declarar. Jagger continua sendo Jagger. Perfeccionista, exagerado, cantando de forma bluesy como quase ninguém hoje em dia, definitivamente, dominando a sua arena.

As participações? Jack White rindo de nervoso em Lovin´ Cup, Buddy Guy arrombando tudo e ainda ganhando uma guitarra de presente de Keith Richards e, pasmem, em Live With Me, até dona Cristina Aguilera não comprometeu. Também, com essa música, só se fizesse muita merda mesmo.

Scorcese exagerou. As câmaras aparecem o tempo todo. O seu nervosismo não parece fake mesmo. Há muito tempo espero algo assim. Mesmo sem saber. Um documentário musical sobre uma banda de rock em que um dos protagonistas é simplesmente O Som! Que coisa óbvia, não? O fogo cruzado de riffs das duas guitarras assumindo repentinamente o primeiro plano é, repito, o ponto alto deste filme.

Eu pretendo aproveitar as quartas de promoção pra rever algumas vezes ( certo, sou doente mesmo ), vamos lá?

Ah sim! Sobre a idade ou relevância dos caras? Por favor, não me faça rir.

Sergio Cebola Martinez

17 comments:

Kau Muniz said...

Você é um gênio!!!!!!
Meu ídolo!!!!
bj
=)

cebola said...

oxi, Kau, eu não. Genios são esses senhores aí de cima, né?

Anonymous said...

Adorei o texto!
bj,Pri.

Franchico said...

Master Class! Deles e sua tb, Cebola. Abraço do velho amigo e fã...

cebola said...

Valeu, Mr. Xicvs. Pris, você é suspeita, não vale, heh.

Unknown said...

Mas Sérgio, cada vez mais me surpreendo com seu talento. Vai escrever bem assim lá na casa da porra! Parabéns, meu caro. É um privilégio ser seu amigo. Depois desse seu post, vou ter q ver esse documentário ontem. :) Grande abraço.

Anonymous said...

Não sou suspeita não!Aliais,sou a pessoa mais crítica que vc conhece,principalmente em relação aos seus trabalhos (músicas, textos e etc.) Gostei do texto, agora só falta conferir para ver se é isso tudo mesmo!
bj,
Pri.

Anonymous said...

“Um documentário musical sobre uma banda de rock em que um dos protagonistas é simplesmente O Som!”.
Foi o que pensei quando assisti Meeting People Is Easy.

Pelo visto (hoje!) passarei por mais uma experiência incrível com Shine a light

beijo e boa sorte, Monique.

Anonymous said...

miguel cordeiro

beleza de post, cebola.

como é do seu costume, muito bem escrito.

te falei ontem do site da revista CRAWDADDY e o endereço é esse no link abaixo

http://crawdaddy.wolfgangsvault.com/Default.aspx

dê uma vasculhada detalhada q vc vai gostar.

Yara Vasku said...

sobre a maior banda de todos os tempos, por Cebléuris (melhor amigo de todos os tempos).

Silvana Malta said...

Uma amiga minha disse que o filme não passa de um festival de pelancas e que ela se sentiu tão mal que saiu no meio. Devo aceitar opiniões tão divergentes ou escolher melhor minhas amizades? Oh dúvida cruel:)))

Anonymous said...

fala pa sua amiga q daqui a uns 20 anos ela vai estar parecendo mais véia q os caras dos roling stones. e vai estar em casa fazendo croché e assistindo a missa de padre marcelo na tv enquanto os netos dela vão estar assistindo pelo computador um show dos roling stones q vai estar tocando em londres

cebola said...

Sils, acho que vc deve ir assistir ao filme, só isso. Quanto à apinião de vossa amiga, acho que ela ( a opinião, não a moça ) diz muito mais sobre a personalidade de sua amiga do que sobre o filme em si. Enfim, não escute ninguém não, nem eu, gasta umas duas horinhas de sua vida e vai no pelô, que só está lá. Beijitvs!

Anonymous said...

uma coisa é não escutar ninguém, outra coisa é não considerar stones ou/e scorsese...

Silvana Malta said...

Deixa pra lá! Foi só pra criar polêmica mesmo :))))
Ah, se eu consegui alguém confiável pra ficar com Artur, eu vou sim! Só depende disso...

Unknown said...

rapaz, vc disse tudo o que eu gostaria de dizer, mas humildemente reconheço que não conseguiria. pelo menos desta forma apaixonada como você fez!

muito bom o texto (e o filme também - apesar de eu ser suspeita por ser fã de mr. scorcese e dos stones)! e ó, vou te colocar nos meus favoritos lá do blog!

;)

Mari Hirsch

cebola said...

valeu, mari. Te faço uma visitinha lá no seu blog, blz? beijitus.