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Tuesday, April 28, 2009

Wilco


Superlativos. Quando em postagens diversas nos deparamos com textos que exageram nos adjetivos superlativos, nos elogios grandiloquentes, e às vezes, na pura tietagem explícita, costumamos tentar relativizar um pouco as coisas, pensando algo assim: "pô, o cara é fã, nem deve ser isso tudo não." Bom, eu não perderia meu tempo e minha paciência se não o fosse mesmo, ao postar aqui no meu blog um texto falando sobre uma banda. A não ser que o tema fosse outro que não o puro e simples elogio de um disco especificamente, ou de uma banda, como neste caso. Banda esta que não só admiro, como também considero a melhor banda surgida nos ´90, e ainda a minha predileta em atividade.

Wilco. Em 1996 um amigo de meu irmão Márcio o empresta o cd de estréia de uma banda de folk-rock obscura, da qual nunca havia ouvido sequer falar e que chapei na hora. AM, o disco, era simples, básico, emocional, cru e delicado em medidas quase perfeitas. Must be High, Passenger Side, Cassino Queen, Box Full of Letters...eram ( ei, e são ), grandes canções com um pé ainda no puro country/folk/rock praticado por Jeff Tweedy, Ken Coomer e Max Johnston ( membros desta primeira formação do Wilco ) na seminal Uncle Tuppelo, banda anterior dos três junto com Jay Farrar que foi formar outra banda, a Son Volt...outra história que ainda conto aqui. Porque aqui e agora, o espaço é do Wilco.
Depois de ouvir trocentas vezes o AM, comecei a buscar na rede informações sobre a banda e eis que me deparo com seu site oficial . Logo de cara, no site, uma imagem do segundo disco recém lançado, e que me fez ficar obcecado pela banda: Being There. Álbum duplo, sem enrolação, perfeito do início ao fim...Algo como o Exile on Main Street dos anos 90. Aquele som básico do AM agora se diversificava, incorporando elementos quase díspares como Stones, Neil Young, Beach Boys, Gram Parsons, Beatles, noise, desconstruções ( ouça Misanderstood ), e texturas diversas. Country, folk, rock ´n´ roll, baladas...sem dúvida, um dos melhores, se não o melhor disco daquela década. Foi um dos meus primeiros pedidos gringos via web, numa edição tipo vinil, com capinha dupla...fantástico.
No terceiro disco, Summerteeth, de 99, o Wilco torna-se ao mesmo tempo mais pop e mais sombrio. Aqui, o Big Star passa a ocupar espaço entre as influências mais evidentes da banda. O "power pop" perfeito parece ser a nova meta, mesmo que sem abandonar suas principais raízes, firmemente fincadas no terreno folk-rock dos 60/70. Um disco mais "focado" que o anterior, preferido de muitos fãs e críticos, uma pequena obra-prima dos anos 90 (mais uma, portanto).

Em 2002, depois de muita confusão (a Warner se recusava à lançar um disco que eles não consideravam comercial o suficiente), sai Yankee Hotel Foxtrot, o disco mais "experimental" da banda. Agora, o produtor/guitarrista Jim O´Rourke passa a exercer um papel proeminente na sonoridade da banda. Pitadas de Kraut-Rock, muito noise, climas dissonantes...paredes de guitarras, pode-se dizer que o Wilco aqui se aproxima um pouco do Sonic Youth (cortesia de O´Rourke, que também era colaborador e futuro membro do Sonic Youth). Mas esta aproximação não descaracteriza nem um pouco o som da banda, apenas alarga seu limite, incorporando mais pesadamente um expelimentalismo saudável que já se insinuava desde o Being There. Para os fãs de primeira hora, nunhuma surpresa então. Por sinal, a Warner teve de engolir esse sapo: O disco foi disparado o que melhor vendeu até então, so sendo superado mais tarde pelo Sky Blue Sky. Quem lançou Yankee Hotel Foxtrot foi o selo independente Nonsuch, depois do rompimento do contrato da banda pela Warner. Resultado, como a Nonsuch é distribuído pela Warner, e a Warner teve de pagar pelo rompimento do contrato, torna-se asssim a primeira produtora a pagar duas vezes pelo mesmo disco, parabéns, Warner!

A Ghost is Born, de 2004, é um passo além do Yankee..As novidades continuam presentes, so que melhor, mais coesas, mais "orgânicas". Apenas um grande disco, para manter o Wilco na minha top 1 banda em atividade desde o Being There. Nota 10 com louvor, de novo.

Em Maio de 2007, Sky Blue Sky é lançado para tornar-se o mais bem sucedido disco do Wilco em termos comerciais. "Volta às origens", foi a frase mais usada para definir este disco incrível. Concordo, em parte. Realmente, a sonoridade aqui volta a possuir as "cores" folkrock de forma mais destacada, porém, dois fatos: Primeiro, o som se aproxima mais daquele clássico soft-rock típico dos anos 70 do que das raízes presentes em AM e Being There. Segundo, ainda presente as experimentações de guitarras, com o soberbo guitar-man Nels Cline cada vez mais inspirado e presente, absolutamente feliz na escolha de timbres e frases. Aqui, a grande "novidade" fica por conta dessas "viagens" guitarrísticas conduzidas por Cline e Jeff Tweedy, quase emulando o estilo e bom gosto de outroa dupla fantástica: Tom Verlaine/Richard Lloyd. Sim! isso mesmo!! O Television aqui é uma forte e boa influência, especialmente nas guitarras, por sobre as bases e melodias Neil Young/Eagles do álbum.

Antes de Sky Blue Sky, Kicking Television (opa! dica?), ao vivo em Chicago, mostra a banda ao vivo em um duplo cd estupendo, certamente um dos melhores live álbuns ever, de uma das melhores (se não A melhor) banda ao vivo da atualidade...Quem viu seus shows aqui no Brasil pode atestar o fato.

No final de Junho deste ano será lançado Wilco (The Album), novo capítulo desta ja clássica jornada, com mais 11 canções que esperamos façam jus à melhor banda surgida nos anos 90, até hoje!
Temos que abrir um parêntesis aqui para falar do projeto Mermaid Avenue, vols 1 e 2, lançados em parceria com o bardo folk inglês Billy Bragg, onde eles musicaram poemas de Woodie Guthrie em um trabalho fantástico de leitura musical! Obrigatórios também.



Sergio Martinez











8 comments:

cebola said...

Ja rola na rede uma musica que fará parte deste disco: Chama-se Wilco (The song) e é de fuder!! Catem e baixem, por favor a vcs mesmos.

Anonymous said...

Miguel Cordeiro

beleza de texto, cebola. sem dúvida o wilco é uma banda bacana, sim. eu, particularmente, gosto da fase inicial e mais ainda dos 2 discos mermaid avenue, em parceria com billy bragg; os quais, aliás, ganhei cópias do vosso irmão marcio rocks. o yankee foxtrot é um excelente álbum, mas sempre achei que as tais experimentações meio radioheadianas (mesmo que pequenas no caso do wilco) comprometeram a espontaneidade da banda. o wilco é mestre na coisa mais básica mesmo. e sky blue sky surpreendeu por parecer bastante com aquele típico soft country rock comercial americano dos anos 70, som este que os fãs do wilco com preferências mais "muderninhas" odeiam e sempre vivem a desqualificar. gente que não saca o feeling, né. e lá nos anos 70 era costumeiro se referir a esta sonoridade como "laid back" - som encostado, cansado, devagar (sem significado pejorativo). mas uma banda da qualidade do wilco sabe fazer isso com qualidade e sky blue sky até serviu para abrir os horizontes sonoros de muitos fãs.

cebola said...

sim, Miguelito, ta cheio de viúva desta fase mais, digamos "indie" do Wilco. Que considero muito boa, tipo, uma banda com a capacidade deles mostrando como é que se faz!!
Sky blue sky ja é clássico p mim. Coloca certos pingos nos "is" devidos e não fica parado...vamos aguardar novo capítulo desta saga brilhante!

Rounds said...

belo texto, cebola.

quando escrevo, é por paixão e, sendo assim, é natural que eu coloque as minhas preferências lá em cima também.

gosto muito do wilco. vou baixar a música indicada e comprarei o álbum em breve.

parabéns!

abs

o vestido preto de valentina said...

VALENTINA ESTÁ MORTA!

#1982 - +2009


Valentina morreu e as lembranças voltaram.
Tira o vestido do armário e retorna.

Novo Single:

O retorno dos malditos

http://www.myspace.com/167094255

BEM VINDO AO INFERNO!

Yara Vasku said...

Eu vi-i! Eu vi-i!!!
Bj.

Rounds said...

hey man,

voce viu as dicas do 13 de julho? gostou?

abs

Cury said...

Cebolitos, já viuo DVD oficial do WILCO?
Comprei um... é um absurdo.

Beijos e favas.