Clipando por aí

Essas fotos foram enviadas por Ricardo Spencer. Ia publicar junto com a entrevista, mas achei que, desta vez, valia um post duplo, né não? E aquela história, uma imagem...



Fotos: Carol Bittencourt

Acima: Garotos de praia típicos. Spencer e o Cachorro Grande na gravação de seu novo clipe, Bom Brasileiro, com estréia prevista para Novembro.

Foto: Ricardo Ferro (acima) e Carol Bittencourt (direita)

Acima: Spencer dirigindo Cascadura rumo ao Centro do universo e, ao lado, explicando à Pitty que não, não precisa ter medo da história do copo, que isso já passou e foi só brincadeirinha.

Foto: Sora Maia

Spencer com a Demoníaca Familia Musical ( Foi mal Cury, mas todo Luke Skywalker tem de ter seu Darth Vader, se não, qual a graça? ), mais conhecida como Sangria.

A entrevista com o protagonista desta série está no post logo abaixo, não percam!

Abaixo: Fabio Cascadura não acreditando no que está vendo

Foto: Ricardo Ferro

Sergio Cebola Martinez

Entrevista: RICARDO SPENCER

Foto: Ricardo Ferro


Aí está. O vencedor dos prêmios de melhor clipe, escolha da audiência, com Memórias, de Pitty, e melhor clipe de rock, Deja Vu, também Pitty, em 2006. O diretor Ricardo Spencer, capturado via msn enquanto finalizava seu mais novo filho, como gosta de dizer, o clipe Bom Brasileiro do Cachorro Grande.

cebola
quando vc faz um clipe, qual sua principal referência, a letra, o som, idéias suas já existentes, fala aí!

spencer
linda pergunta , eu costumo escutar a música muitas vezes, perceber as partes que mais me emocionam, tento estabelecer uma relação entre imagem e som de acordo com minhas influências cinematográficas, cheias de conflitos, de nostalgia, redenção, de momentos tenebrosos da vida.
além disso, tento extrair o máximo da letra, e do momento em que o autor se encontrava. e tenho também idéias anotadas por todos os lados, que sempre acabo usando ou transformando. A literatura também é indispensável pra esse imaginário louco do videoclipe.

cebola
Quais suas principais referências artísticas dentro do seu trabalho.

spencer
Raymond Pettibon, Sonic Youth, Richard Kern, Jim Jarmusch, Rolling Stones, São Paulo, super 8, cinema marginal, Velvet Underground, noise and more,
hahaha, que engraçado.

cebola
sobre o clipe do Cascadura, adianta já alguma coisa pra gente? Quer dizer, dá uma prévia escrita aí, moço.

spencer
O egocentrismo sobre o qual a música discorre, é aqui sugerido com o personagem Casca, que enfrenta uma decepção amorosa à sua maneira. Seu ambiente é um quarto claustrofóbico, com elementos que sugerem uma pessoa metódica e egoísta. Seu comportamento é de alguém que se faz de vítima, fazendo questão de transformar seus dias em melodramas.
O que vemos nesse cotidiano são situações inerentes à melancolia implícita num término de relacionamento, na roupagem de uma pessoa imatura e masoquista.
Eu diria que tem elementos bem legais surgidos na hora. Ou de acordo com as nossas possibilidades.
O teatro acabou nos dando uma estética peculiar, onde o quarto de Casca tem suas paredes delimitadas apenas pelos móveis.
O ator foi muito além do que imaginávamos. Bernardo Del Rey o nome dele, tem um grande futuro como ator.

cebola
Algo na linha Dogville, esteticamente falando?

spencer
Sim, mas nada intencional. Era o que tinhamos e acabamos fazendo um teatro filmado. Mas a referência que adquirimos à força é das melhores.

cebola
claro, muito boa, mesmo que não intencional

cebola
alguma previsão para o lançamento?

spencer
Sim, o lançamento será no dia 7 de novembro, no teatro do irdeb, que foi nossa locação. Queria poder ir mas uma webcam instalada por la já diminui o meu terror.

cebola
que massa, só pra convidados, ou pra patuléia ( nosotros) tb?

spencer
so pra convidados

cebola
conta aí como foi aquele dia na mtv ganhando de ponta à ponnta

spencer
cara, a sensação é muito boa. quando vejo que estou conseguindo fazer meus clipes, que sou uma pessoa que tem amigos que estao dispostos a me ver crescer, que estou investindo nos roteiros e que estou bem mais próximo do que estava - quando morava em salvador - de fazer meus filmes, com certeza me lembro de uma frase de Jarvis Cocker, que fala sobre poder fazer da sua vida o que quiser.

cebola
vc também pretende dirigir longas, pra cinema, é uma meta sua tb?

spencer
no vmb eu fui sem qualquer expectativa. a expectativa em relação à essa premiação foi no dia das indicações. estava bastante curioso como meus clipes estranhos teriam sido recebidos pelo júri.

spencer
o objetivo de sempre foi o filme.

spencer
ou os filmes.

cebola
Essa sensação de estar vendo os próprios sonhos se concretizarem. vc já se considera uma pesoa realizada artistica e profissionalmente? ou nem a pau??

spencer
Não, ainda tenho muita coisa mesmo pra fazer, man. Muita mesmo.

cebola
diz aí seu ídolo do cinema

spencer
Roberto Carlos

spencer
Brincadeira, man. Mas nao tenho como responder essa pergunta.

cebola
um diretor preferido, então

spencer
Kubrick

cebola
Você tem acompanhado algo da cena de salvador, de bandas, alguma ou algumas lhe despertaram interesse?

spencer
que tipo de interesse? clipe?

cebola
não, musical mesmo, ouviu algo que lhe interessasse? que lhe arranque do pc pra ir pra um show??

spencer
do mac pra ir a um show? deixa ver... rs

spencer
canto dos malditos

spencer
essa foi a que mais gostei ultimamente, conheci a primeira demo em março de 2005

spencer
mas tem mais bandas como Sangria, Zecacurydamm, Berlinda...

spencer
hehe

cebola
essa última aí, não conheço não, hehe

spencer
Ronei Jorge

spencer
Cascadura ( que está) no auge

spencer
quanto a clipe dessas bandas, tenho o próximo do Sangria, após eles gravarem o disco em Janeiro. E todas as faixas do Bogary, que já me foram prometidas. Olha só.

spencer
Mas só isso mesmo.

cebola
caramba, todas do Bogary??

spencer
todas

cebola
putz, qual a musica do cachorro que vc vai clipar?

spencer
Bom Brasileiro

spencer
essa madrugada estará pronto

cebola
tem idéia de quando rolam os dois na mtv? ou isso já escapa de seu controle?

spencer
aih ja escapa, mas em novembro ao que tudo indica

cebola
os dois?

spencer
eles ficarnao prontos praticamente no mesmo dia

spencer
to precisando me organizar mais

cebola
qual a banda que vc adoraria fazer um clipe e qual a que vc não faria nem fudendo??(ok, essa ultima só responde se quiser)

spencer
as 2 que eu mais queria ultimamente eu acabei de fazer. Estou nas nuvens, tem tantas outras que adraria fazer, gringas tambem um dia, quem sabe, as menores.

cebola
quais duas, Casca e Cachorro?

spencer
isso

cebola
alguns analisam que o formato tradicional do videoclipe, praticamente criado pela mtv, está com os dias contados, devido à rede, youtube, e tal, vc concorda? o o que tá com os dias contados é a mtv enquanto divulgadora desses clipes??

spencer
acho que o meio de divulgacao

spencer
a estetica q a mtv batizou esta firme e forte, cada vez mais ousada

cebola
o diretor ou artista possui liberdade ilimitada para suas idéias, ou existe uma, digamos, censura interna prévia?

spencer
o acordo vem do diretor com a banda. a maioria das bandas tem um argumento, mas com todas q trabalhei o dialogo foi bem aberto.

cebola
já ouve algum tipo de "veto" da direção da mtv, para alguma idéia, ou tema, ou imagem?

spencer
se nao fossem esses 2 clipes de agora, teria feito somente deja vu o ano inteiro

spencer
mas acho que fecho o ano com 4 ou 5

cebola
te rogo uma praga: tomara q próximo ano, dobre ou triplique essa marca, huahuahua

spencer
to me organizando pra isso

spencer
o mercado fonográfico teve um ano ruim

cebola
vc vislumbra a possilbilidade do mercado voltar às vacas gordas, com todos esses avanços tecnologicos disponíveis à um download de distancia?

spencer
outro tel pra clipe

spencer
nao pense em colocar isso, hoje foi um dia diferente dos demais. kkkk.

cebola
posso citar isso na entrevista?

cebola
aaaaah qualé

cebola
aí eu digo que cebola dá sorte, heheheee

spencer
hahahahahhahahahahahhahahhaa

spencer
ok, pode

cebola
Voltando: vc vislumbra a possilbilidade do mercado voltar às vacas gordas, com todos esses avanços tecnologicos disponíveis à um download de distância?

spencer
eu desejo mais que vislumbro.

cebola
entendo, é claro

cebola
man, quais foram, até agora todos os seu trabalhos, clípicos(isso existe, meu deus??)

spencer
se nao me engano eh videocliptico

spencer
mas bah

spencer
porra, da segunda fase são 3 de pitty, 2 da trêmula, 1 de sônia rocha, 1 da sangria, 1 do cascadura, 1 do cachorro grande.

spencer
e dos primordios foram 2 da brincando de deus, 1 da guizzzmo, sera que tem mais?
estes da década de 90

cebola
vem cá, repetindo uma lá de cima quando tú escorregou por aí, existe ou existiu alguma censura, ou veto à temas, idéias ou imagens por parte da mtv?

spencer
quando fui na mtv entregar o clipe de acerto de contas, um funcionário de lá comentou sobre a arma. Foi o mais perto que cheguei de um possivel veto,o clipe rolou algumas vezes e não foi indicado a melhor clipe independente.

cebola
véio, brigadão pela entrevista, tou torcendo pra vc, tudo dar certo, e essa porra desse rock baiano continuar rolando

spencer
ceboleuris, vc eh meu irmao. daqui fico torcendo pela Berlinda fiquei feliz de ver q ja comecaram as gravinas.

spencer
e o rock eh o rock mesmo

Durante a entrevista, dois telefonemas de bandas querendo Spencer na direção de seus respectivos clipes, é mole?

Sergio Cebola Martinez

sometimes

estranho quando se pensa no fim
que você esteve lá
e não estar mais
entre todas as promessas de sempre
deixando de existir
no fim

Richard Hawley: Uma pausa para respirar fundo, relaxar*

Richard Hawley - The Ocean

Acabei de conhecer esta maravilha aí. Um hype particular. Fiquei ansioso por mostrar a todos. Baixem esse disco, Cole´s Corner, o quarto de sua carreira, de 2005. São 11 canções classudas, estilosas, porém simples, daquela simplicidade não corrompida pelo cinismo e afetação da "modernidade". Uma voz límpida e emocionante. Bem diferente dos histriônicos sacolejantes seguidores da moda. É como parar em um acostamento numa estrada deserta, depois de uma noite alucinada, esquecer do universo, relaxar.Richard Hawley, meus caros leitores amigos, é um ALÍVIO. Na linha dos grandes Buddy Holy, Roy Orbinson e Johnny Cash, com algo da "emotividade" contida do primeiro Lloyd Cole and the Commotions ( epa, Lloyd Cole, Cole´s Corner, algo a ver, caro Hawley?). É por aí.

Sergio Cebola Martinez

*Frase de Fábio Cascadura na música Rodas no Asfalto.

Talk Talk - Muito além do jardim de infância

Life's what you make it

Taí o que você queria! Talk Talk, em canção do fantástico e necessário The Colour of Spring, de 86. Deixa eu te contar. Talk Talk era aquela banda que enchia o saco nas fms insuportáveis daquela época com o hit ( bom, muito legal ) It´s my life. Nesse disco eles foram muito além, com arranjos mais rebuscados, andamentos quebrados, cordas, sopros...É quase ( eu disse quase ) um Pet Sounds possível para os anos 80. O disco seguinte foi mais longe ainda, em relação à experimentação ( seria então o "Smile" deles?), chamado Spirit Of Eden, de 88. Uma banda que merece, e muito, ser re-vista/re-ouvida. Depois veio o Laughing Stock, em 91, que dizem ser tão bom quanto esses dois, mas que ainda ( e por pouco tempo ) desconheço. Boa lembrança/dica de Márcio Martinez. Irmão também serve pra essas coisas, além de ser tiranizado no recesso do lar, heh!
Grande clima, grande piano, vídeo legal...apreciem sem moderação.

Sergio Cebola Martinez

Mighty Lemon Drops - Out of Hands

Mais um pequeno drops dos meus vinis favoritos. como não tenho como passar do vinil pra aqui, empresto do youtube, hehe. Banda na linha Echo/Teardrops Explodes, aqui em vídeo de 87, canção do excelente álbum Out Of Hands, do mesmo ano. Pop brilhante, Byrds com Love filtrados pelas já citadas acima, recomendo e muito, os poderosos drops de limão!

ROCK IN SAJ

Foto: Thiago Fernandes:
Dantas e Marcos rodrigues ( Theatro de Séraphin )

Correspondente especial: Silvana Malta


Por ter sido a única testemunha ocular “da galera” a marcar presença no festival Rock in SAJ – realizado no último dia 30, em Santo Antonio de Jesus, com participação da Theatro de Séraphin – recebi humildemente a incumbência deste conceituado blog de escrever algo a respeito.
O lugar onde rolaram os shows é, como bem observou Marcos Rodrigues, uma espécie de mini-Rock in Rio Café, com palco e iluminação bacanas, som de qualidade, espaço bem bolado, amplo e arejado, mezanino... Fiquei contente em saber que a cidade dispõe de casas assim, abertas ao rock´n´roll (na minha época, a coisa era bem diferente). O lugar conta ainda com um bar astral, vendendo latinha de cerveja geladíssima a R$ 2.
O público que quase lotou o espaço era predominantemente teen. Todo mundo de preto, mas não tão impregnado de piercings e tatuagens como os freqüentadores do Idearium. Só achei esquisito o fato de ninguém, absolutamente ninguém, estar fumando cigarro, o que me causou um certo constrangimento.
A primeira banda da noite me fez sentir uma coisa rara: orgulho da minha terra natal. Um carinha de 15 anos, Lucas Vale, estraçalhando a guitarra com uma criativade, segurança e pungência que me deixaram impressionada. A maior parte do repertório era de músicas instrumentais próprias, mas rolaram também versões empolgantes do Deep Purple e Iron Maiden. Nesses momentos, assumia o vocal o tecladista da banda, Kiko Matos, meu colega de colégio na adolescência e que me surpreendeu pelo vigor e emoção com que vociferou as canções.
Em seguida, rolou uma banda de emocore (PN09, se não me engano) que eu me recuso a comentar, pois, logo que o show começou, decidi acompanhar os caras da Theatro junto com uma amiga e tomar umas cervas num boteco em frente. Quando voltamos, já estava terminando o show de outra banda, a Escaravelho (de Salvador), que, por motivos óbvios, não deu pra sentir qual era a do som.
Quarta e última banda a subir ao palco, a Theatro de Séraphin tocou para um público bem mais reduzido. Já passava da meia-noite e acho que a garotada tinha horário para voltar para casa (sei como é, já vivi isso numa época que me recuso a lembrar). Mas quem ficou, ficou impressionado. No lugar de cabeças batendo a esmo, corpos paralisados e olhos fixos no palco. Comentários ao meu redor faziam coro “que banda da porra!”.
Com a saída “inesperada” de Cândido, a Theatro teve menos de uma semana para ensaiar com o novo guitarrista, César Vieira (ex-Brincando de Deus), e encarar uma apresentação ao vivo. A solução mais fácil seria cancelar o show, mas eles preferiram aceitar o desafio. Se eu já era fã da banda, agora então... No palco, quatro caras vitoriosos, com gana, acreditando nos seus sonhos. Repertório de nove canções bem executadas, incluindo 12 x 8, Cólera, Sombras Chinesas, Doralice e uma música nova que não me recordo o nome agora. Dado os devidos descontos, a apresentação foi sensacional, com mais clima do que nunca. Preparem-se para conhecer a nova Theatro de Séraphin.


Valeu, Silvana, pelo excelente trabalho. Te devo umas cervas.
Sergio Cebola Martinez